Política Industrial 4.0: Reflexões Sobre os Casos do Brasil e da Argentina
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2023.59.13236Palavras-chave:
Industria 4.0, Política Industrial, DesindustrializaçãoResumo
Historicamente, a política industrial tem sido objeto de constantes discussões e controvérsias, tanto no contexto teórico quanto na esfera de política econômica de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nesse sentido, o principal foco deste artigo consiste em abordar, de forma exploratória e contextual, a questão da política industrial e sua relação com a indústria 4.0, principalmente no contexto latino-americano. Especificamente são discutidos aspectos relacionados ao papel do Estado e sua capacidade como orquestrador da política industrial, e todo o contexto institucional que envolve o processo inovativo e a introdução da política industrial 4.0 no Brasil e na Argentina. As principais conclusões da pesquisa apontam para uma desindustrialização acelerada de ambos os países nos últimos anos e para uma política para indústria 4.0 em estágios iniciais ou de preparação socioeconômica do sistema, assim como uma política de caráter passivo pela definição de seus objetivos e pelo horizonte pautado por ações que não envolvem, no longo prazo, grandes projetos de desenvolvimento tecnológico ou substituição de importações.
Referências
ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James A. Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Disponível em: https://desenvolvimentoeconomico2016.files.wordpress.com/2015/02/por_que_as_nacoes_fracassam_nodrm1.pdf. Acesso em: 10 out. 2022.
ALEKSEEV, Alexander N. et al. Stages of formation of industry 4.0 and the key indicators of its development. In: POPKOVA, Elena G.; RAGULINA, Yulia V.; BOGOVIZ, Aleksei V. Industry 4.0: Industrial Revolution of the 21st Century. Cham: Springer, 2019. p. 93-100.
AMABLE, Bruno. The diversity of modern capitalism. Oxford: Oxford University Press on Demand, 2003.
AREZKI, Mr Rabah et al. Testing the Prebisch – Singer hypothesis since 1650: Evidence from panel techniques that allow for multiple breaks. Washington, DC, EUA: International Monetary Fund, 2013.
ARGENTINA. Plan de Desarrollo productivo 4.0. Buenos Aires: Ministerio de Desarrollo Productivo, 2021.
Banco Mundial - The World Bank. Dados de acesso gratuito do Banco Mundial (2021). Disponível em: https://datos.bancomundial.org/. Acesso em: 11 abr. 2022.
BRASIL. Plano de Ação da Câmara Brasileira da Indústria 4.0 (2019-22). São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/economia/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/arquivos/camara_i40__plano_de_acaoversao_finalrevisada.pdf/view. Acesso em: 10 jan. 2022.
BOYER, Robert. Estado, mercado e desenvolvimento: uma nova síntese para o século XXI? Economia e Sociedade, v. 8, n. 1, p. 1-20, 1999.
BRUNDENIUS, Claes; LUNDVALL, Bengt-Åke; SUTZ, Judith. The role of universities in innovation systems in developing countries. In: LUNDVALL, Bengt-Åke et al. Handbook on Innovation Systems in Developing Countries. Cheltenham, Reino Unido: Edward Elgar Publishing, 2009. p. 311- 336.
CANTU, Rodrigo. Ensaios sobre as transformações das finanças públicas brasileiras. 2016. 177 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, 2016.
CENTENO, Miguel Ángel. Sangre y deuda: ciudades, estado y construcción de nación en América Latina. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia; Instituto de Estudios Urbanos-IEU, 2014.
CEPAL - Comissão Econômica para América Latina e Caribe. Base de datos y publicaciones estadísticas. Disponível em: https://statistics.cepal.org/portal/cepalstat/index.html?lang=es. Acesso em: 10 dez. 2021.
CHAMINADE, Cristina; EDQUIST, Charles. From theory to practice: the use of the systems of innovation approach in innovation policy. In: HAJE, Jerald; MEEUS, Marius. Innovation, Science, and Institutional Change A Research Handbook. Oxford: Oxford University Press, 2006. p. 141-163.
CHANG, Ha-Joon. Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Unesp, 2004.
CHERIF, Reda; HASANOV, Fuad. The return of the policy that shall not be named: Principles of industrial policy. Washington, DC, EUA: International Monetary Fund, 2019.
CHIARINI, Tulio; CALIARI, Thiago. A economia política do patenteamento na América Latina: tecnologia e inovação a favor do desenvolvimento. Jundiaí: SP: Paco e Littera, 2019.
CORIAT, Benjamin; WEINSTEIN, Olivier. National institutional frameworks, institutional complementarities and sectoral systems of innovation. In: MALERBA, F. (org). Sectoral systems of innovation, concepts, issues and analyses of six major sectors in Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
CUEVAS, Benjamín; CANTU, Rodrigo. Crises fiscais e construção do Estado: Argentina e Brasil. Revista Brasileira de Iniciação Científica, v. 7, n. 2, p. 95-106, 2020.
EVANS, Peter. Embedded autonomy: states and industrial transformation. Nova Jersey: Princeton University Press, 1995.
EVANS, Peter. Autonomia e parceria: Estados e transformação industrial. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.
FERRAZ, João Carlos; PAULA, Germano Mendes de; KUPFER, David. Política industrial. In: KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia (org.). Economia industrial. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2013. p. 313-323.
FIALKA, John J. War by other means: Economic espionage in America. São Paulo: WW Norton & Company, 1999.
FREEMAN, Chris. The “National System of Innovation” in historical perspective. Cambridge Journal of economics, v. 19, n. 1, p. 5-24, 1995.
FREEMAN, Chris; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2008.
FURTADO, João. Indústria 4.0: a quarta revolução industrial e os desafios para a indústria e para o desenvolvimento brasileiro. Brasília: BNDES, 2017.
GALANTUCCI, Luigi M. et al. Additive Manufacturing: New Trends in the 4 th Industrial Revolution. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON THE INDUSTRY 4.0 MODEL FOR ADVANCED MANUFACTURING. Cham: Springer, 2019. p. 153-169.
GOMES, Gerson; TAVARES, Maria da Conceição. La Cepal y la integración económica de América Latina. Revista de la Cepal, v.1, nº 66, 1998. Disponível em: https://ideas.repec.org/a/ecr/col070/12138.html. Acesso em: 21 dez. 2021.
GOMIDE, A. A.; PEREIRA, Ana Karine; MACHADO, Raphael. O conceito de capacidade estatal e a pesquisa científica. Sociedade e Cultura, v. 20, n. 1, p. 3-12, 2017.
GOMULKA, Stanislaw. L'incompatibilité entre le socialisme et l'innovation rapide. Revue d'études comparatives Est-Ouest, v. 15, n. 3, p. 91-104, 1984.
HERMAN, M.; PENTEK, T.; OTTO, B. Design Principles for Industrie 4.0 Scenarios. In: BUI, T. X.; SPRAGUE JR., R. H. Proceedings of the 49th Annual Hawaii International Conference on System Sciences HICSS2016. Los Alamitos; Washington; Tokyo: The Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc., 2016.
HUGHES, Thomas P. Technological momentum. Does technology drive history? In: MARX, Leo; SMITH, Merritt Roe (ed.). The Dilemma of Technological Determinism. Cambridge, Mass: MIT Press, 1996.
KOTHA, Suresh; SWAMIDASS, Paul M. Strategy, advanced manufacturing technology and performance: empirical evidence from US manufacturing firms. Journal of Operations Management, v. 18, n. 3, p. 257-277, 2000.
KUO, Chu-Chi; SHYU, Joseph Z.; DING, Kun. Industrial revitalization via industry 4.0 – A comparative policy analysis among China, Germany and the USA. Global transitions, v. 1, p. 3-14, 2019.
LASCOUMES, Pierre; LE GALÈS, Patrick. A ação pública abordada pelos seus instrumentos. Revista Pós Ciências Sociais, v. 9, n. 18, 2012.
LIAO, Yongxin et al. Past, present and future of Industry 4.0 – a systematic literature review and research agenda proposal. International Journal of Production Research, v. 55, n. 12, p. 3609-3629, 2017.
LIST, Friedrich. National System of Political Economy. London: Longmans, Green an Co., 1909. Disponível em: https://oll.libertyfund.org/title/lloyd-the-national-system-of-political-economy. Acesso em: 15 nov. 2021.
MAJONE, Giandomenico. Public policy and administration: ideas, interests and institutions. In: GOODIN, Robert E.; KLINGEMANN, Hans-Dieter (ed.). A new handbook of political science. Oxford: Oxford University Press, 1998. p. 610-627.
MALERBA, Franco (ed.). Sectoral systems of innovation: concepts, issues and analyses of six major sectors in Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
MATOS NASCIMENTO, Victor. Neoliberalismo e democracia na América do Sul: um estudo sobre Argentina, Brasil e Chile. Conjuntura Global, v. 8, n. 2, 2019.
MAZZUCATO, Marianna. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. Setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
OREIRO, José Luis; FEIJÓ, Carmem A. Desindustrialização: conceituação, causas, efeitos e o caso brasileiro. Brazilian Journal of Political Economy, v. 30, p. 219-232, 2010.
OSZLAK, C. Formación Histórica del Estado en América Latina: elementos teórico-metodológicos para su estudio. In: ACUÑA, Carlos, H. (comp.). Lecturas sobre el Estado y las políticas públicas: Retomando el debate de ayer para fortalecer el actual. Proyecto de Modernización del Estado. Buenos Aires, AR: Jefatura de Gabinete de Ministros, 2011.
PAULANI, Leda Maria. Não há saída sem a reversão da financeirização. Estudos Avançados, v. 31, p. 29-35, 2017.
PREBISCH, Raul. Commercial policy in the underdeveloped countries. The American Economic Review, v. 49, n. 2, p. 251-273, 1959.
RICyT - Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y Tecnología. Indicators. Disponível em: http://www.ricyt.org/en/category/indicators/. Acesso em: 10 dez. 2021.
RODRIK, Dani. Premature deindustrialization. Journal of Economic Growth, v. 21, n. 1, p. 1-33, 2016.
SÁ SILVA, J. R.; ALMEIDA, C. D.; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, ano I, n. I, p. 1-15, jul. 2009. Disponível em: https://siposg.furg.br/selecao/download/1123/pesquisa_documental.pdf. Acesso em: 12 maio 2022.
SCHNEIDER, Ben Ross. Designing Industrial Policy in Latin America: Business-State Relations and the New Developmentalism. Nova York: Palgrave MacMillan, 2015.
SCHNEIDER, Ben Ross. Hierarchical Capitalism in Latin America. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
SECCHI, Leonardo. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
SILVA, Luana Naves Ferreira; MELO, Lívia Carolina Machado; ARAÚJO, Leandro Vieira Lima. O fenômeno da desindustrialização no Brasil e Argentina: uma análise comparada. Revista Iniciativa Econômica, v. 3, n. 2, 2017.
SKOCPOL, Theda. Cultural idioms and political ideologies in the revolutionary reconstruction of state power: A rejoinder to Sewell. The Journal of Modern History, v. 57, n. 1, p. 86-96, 1985.
SOUZA, Yalle Hugo; SECCHI, Leonardo. Extinção de políticas públicas. Síntese teórica sobre a fase esquecida do policy cycle. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 20, n. 66, 2015.
TILLY, Charles. Coerção, capital e Estados europeus 1990-1992. São Paulo: Edusp, 1996.
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Data for the Sustainable Development Goals. Disponível em: https://uis.unesco.org/. Acesso em: 10 dez. 2021.
WADE, Robert H. Return of industrial policy? International Review of Applied Economics, v. 26, n. 2, p. 223-239, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Desenvolvimento em Questão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).