Lili Elbe, Christine Jorgensen e Valdirene são Orlandos de Virginia Woolf
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2025.26.16531Palavras-chave:
Discursividade na literatura, Conhecimento-poder, Orlando, Caso ValdireneResumo
A interdisciplinaridade entre a teoria crítica, a literatura e os estudos culturais tem, nas últimas décadas, se afirmado como um campo de investigação fecundo para o debate sobre o corpo, o gênero e as relações de poder na sociedade contemporânea. Este artigo propõe uma análise aprofundada sobre a possibilidade de interposição de discursos de gêneros literários diversos, articulados a partir de um enunciado e de um contexto real historicamente situado. Lançamos um olhar comparativo e intertextual que reúne as contribuições teóricas de Michel Foucault, especialmente na relação entre saber e poder, com a obra de Virginia Woolf, cuja textualidade e subversão dos paradigmas de gênero ganham ímpeto na narrativa de Orlando. A metodologia considerou levantamento bibliográfico qualitativo, análise documental e análise comparativa da representatividade das precursoras do estudo do corpo transexual nas figuras de Lili Elbe, Christine Jorgensen, internacionalmente e Valdirene, no contexto brasileiro e no personagem Orlando, narrativa literária de Virginia Woolf. Podemos compreender que na década de 1920, Woolf compreendia as barreiras e dificuldades que as pessoas trans enfrentavam e iriam enfrentar no decorrer dos anos, onde a ficção representa a realidade vivenciada.
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