Colonialidade e desenvolvimento: uma crítica a partir do feminismo comunitário
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2022.58.11920Palavras-chave:
desenvolvimento, descolonização, feminismo comunitário, feminismo decolonialResumo
A imposição do colonialismo e da colonialidade de raça, gênero e classe é marcada pela violência e pelo genocídio-epistemicídio sobre os povos da América Latina desde o final do século 15 e início do século 16. Essas relações de poder são perpetuadas pelas narrativas e práticas desenvolvimentistas euro-nortecentradas que classificam hierarquicamente os outros povos, definindo-os como subdesenvolvidos. Contrapondo-se a essa lógica, os feminismos do Sul apresentam alternativas ao desenvolvimento por meio de propostas descolonizadoras. O presente artigo propõe-se a mostrar de que modo o feminismo comunitário – mobilizado pelas teorias e práticas de mulheres indígenas – emerge como uma dessas experiências críticas ao desenvolvimento por meio de ações de corpos e saberes latino-americanos. As resistências efetuadas por essas mulheres ampliam as lutas feministas contra-hegemônicas e anticapitalistas, que visam o rompimento com a ideologia do desenvolvimento.
Referências
ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016.
BAMBIRRA, Vania. Teoría de la dependencia: una anticrítica. México: Era, 1978.
BARD WIGDOR, Gabriela; ARTAZO, Gabriela. Pensamiento feminista Latinoamericano: Reflexiones sobre la colonialidad del saber/poder y la sexualidad. Cultura y Representaciones Sociales, v. 11, n. 22, p. 193-219, 2017.
BARRAGÁN, Alba Margarita Aguinaga; CHÁVEZ, Dunia Mokrani; LANG, Miriam Santillana. Pensar a partir do feminismo: críticas e alternativas ao desenvolvimento. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020. p. 216-239.
CABNAL, Lorena. Tzk’at, Red de Sanadoras Ancestrales del Feminismo Comunitário desde Iximulew – Guatemala. Ecología Política, n. 54, p. 98-102, 2017.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Ch'ixinakax utxiwa. Una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016.
ESTEVA, Gustavo. Development. In: SACHS, Wolfgang (org.). The development dictionary. Londres: Zed Books, 1992.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Porto: Edição A. Ferreira, 2008.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpos e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
FUNARI, Juliana Nascimento. Um sertão de águas: mulheres camponesas e a reapropriação social da natureza no Pajeú. 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.
FURTADO, Celso. Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
FURTADO, Celso. El desarrollo económico: un mito. México: Siglo XXI, 1975.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar dos Tempos, 2020.
GUDYNAS, Eduardo. Debates sobre el desarrollo y sus alternativas en América Latina: una breve guía heterodoxa. Más Allá del Desarrollo, v. 1, p. 21-54, 2011.
GUTIÉRREZ, Raquel; LOHMAN, Huáscar. Reproducción comunitaria de la vida. Pensando la transformación social en el presente. El Apantle, Revista de Estudios Comunitarios, v. 1, p. 17-49, 2015.
HERNÁNDEZ CASTILLO, Rosalva. Posmodernismos y feminismos: diálogos, coincidencias y resistencias. Desacatos, Ciudad de México, n. 13, p. 107-121, 2003.
LIMA, Márcia Tait; GITAHY, Leda. Epistemologias situadas e engajadas no Sul: ações coletivas latino-americanas e novas propostas éticas e epistêmicas. In: CONGRESSO EPISTEMOLOGIAS DO SUL, 2017. Anais Eletrônicos [...]. Foz do Iguaçu: Edunila, 2017.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.
MARINI, Ruy Mauro. Dialéctica de la dependencia. México: Era, 1973.
PAREDES, Julieta. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
PAREDES, Julieta; GUZMÁN, Adriana. El tejido de la rebeldía ¿Qué es el feminismo comunitario? La Paz: Comunidad Mujeres Creando Comunidad, 2014.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Pela vida, pela dignidade e pelo território: um novo léxico teórico político desde as lutas sociais na América Latina/Abya Yala/Quilombola. Polis. Revista Latinoamericana, n. 41, p. 1-13, 2015.
PREBISH, Raul. El desarrollo económico en la América Latina y sus principales problemas. Chile: Eclac, 1949.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, AR: Clacso, Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, 2005.
RADOMSKY, Guilherme. Desenvolvimento, pós-estruturalismo e pós-desenvolvimento: a crítica da modernidade e a emergência de “modernidades” alternativas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 26, n. 75, p. 149-162, 2011.
ROSTOW, Walt Whitman. The stages of economic growth and the problems of peaceful co-existence. Cambridge, Mass.: Center for International Studies; Massachusetts Institute of Technology, 1959.
SACAVINO, Susana. Tecidos feministas de Abya Yala: feminismo comunitário, perspectiva decolonial e educação intercultural. Uni-Pluriversidad, v. 16, n. 2, p. 97-109, 2016.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez Editora, 2018.
SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. E-Cadernos Ces. n. 18, p. 106-131, 2012.
SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003.
WALSH, Catherine. Notas pedagógicas a partir das brechas decoloniais. In: CANDAU, Vera Maria (org.). Interculturalizar, descolonizar, democratizar: uma educação “outra”? Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Desenvolvimento em Questão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).