Reestruturação produtiva e o novo proletariado de serviços na era digital
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2024.24.15443Palavras-chave:
Era digital, Infoproletariado, Organização do trabalho, Reestruturação produtiva, ServiçosResumo
Nas últimas duas décadas do século XX muitos estudiosos imaginavam que classe trabalhadora estava “com os dias contados”. A tese de finitude da classe trabalhadora restou superada, mas nem por isso o contexto das relações de emprego se mantivera estático. Seja pela lógica destrutiva do capital, seja pelo impacto tecnológico-informacional-digital, o fato é que a nova morfologia do trabalho do século XXI evidencia a expansão significativa de novas modalidades de trabalho, bem como o surgimento de um novo proletariado de serviços da era digital. Um proletariado de serviços que nada mais é do que parcela do proletariado: aquela mais precarizada, geracionalmente jovem, que vive de trabalhos com maior grau de informalidade, muitas vezes realizando atividades parciais, por tempo determinado ou intermitente. Adotando metodologia bibliográfica e método dedutivo, o presente trabalho objetiva compreender o processo de reestruturação produtiva e os efeitos que irariam sobre o novo proletariado de serviços na era digital, parcela mais precarizada do proletariado, geracionalmente jovem, que vive de trabalhos com maior grau de informalidade, muitas vezes realizando atividades parciais, por tempo determinado ou intermitente. O trabalho se justifica pelo aumento exponencial da informalidade, burlas e alternativas à contratação celetista, pagamento de salários aviltantes, mas, sobretudo, pela submissão a jornadas extenuantes e mesmo de atuação em local inseguro e nos quais sujeito à riscos à saúde e segurança, reflexos direitos do complexo processo produtivo característico do tempo presente e que atinge mais intensamente o novo proletariado de serviços.
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