Inseminação artificial caseira: Dificuldade de acesso à reprodução assistida e empecilhos para o registro da criança
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2025.25.16538Palavras-chave:
Inseminação Artificial Caseira, Autoinseminação, Acesso a Reprodução Assistida, Registro com Dupla MaternidadeResumo
Este estudo insere-se no contexto das dificuldades de acesso à reprodução assistida, que levam indivíduos a buscar a inseminação artificial caseira (IAC) como alternativa para a concepção de filhos. Os objetivos deste trabalho são: analisar como a prática da IAC se enquadra no contexto de assistência em saúde; e identificar a principal causa de ações judiciais envolvendo a IAC. Trata-se de pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, com estudo de jurisprudência dos tribunais de Justiça dos estados do sul e sudeste do Brasil relacionadas à IAC. A prática da IAC está inserida no contexto da escassez de acesso à Reprodução Assistida. A insatisfação com o processo de registro das crianças nessas situações frequentemente resulta em ações judiciais. A IAC, por si só, evidencia a falta de acesso às políticas de saúde reprodutiva, o que configura uma negação de direitos para essa parcela da população. Além disso, devido à prevalência de casais homoafetivos femininos entre os usuários da IAC, enfrentamos também desafios relacionados ao registro, com a inclusão parental adequada, das crianças nascidas dessa prática.
Referências
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução Normativa – RN 428, de 7 de novembro de 2017. Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999; fixa as diretrizes de atenção à saúde; e revoga as Resoluções Normativas - RN nº 387, de 28 de outubro de 2015, e RN nº 407, de 3 de junho de 2016. [S. L.]: Saúde Legis, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ans/2017/res0428_08_11_2017.html.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Inseminação artificial caseira: riscos e cuidados. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2018/inseminacao-artificial-caseira-riscos-e-cuidados. Acesso em: 13 out. 2023.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. L. A. Reto e A. Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011.
BORGES, Daniela de Lima. A dificuldade de reconhecimento extrajudicial de dupla maternidade de filhos havidos por inseminação heteróloga fora das clínicas de fertilização. 2023. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1986/A+dificuldade+de+reconhecimento+extrajudicial+de+dupla+maternidade+de+filhos+havidos+por+insemina%C3%A7%C3%A3o+heter%C3%B3loga+fora+das+cl%C3%ADnicas+de+fertiliza%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 22 abr. 2024.
BRASIL. Lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 – Lei que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 11 jun. 2024.
BRASIL. Constituição Federal. 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 abr. 2024.
BRASIL. Lei n° 11.935/2009 – Lei dos Planos e Seguros Privados de Assistência à Saúde. 2009a. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11935.htm. Acesso em: 6 maio 2024.
BRASIL. Lei n° 13.484/2017 – Registros Públicos. 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13484.htm. Acesso em: 6 maio 2024.
BRASIL. Lei n° 9.263/1996 – Lei de Planejamento Familiar. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/9263.htm. Acesso em: 30 abr. 2024.
BRASIL. Resolução CFM n° 2.320/2022. 2022. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2022/2320. Acesso em: 16 maio 2024.
BRASIL. Resolução n° 192/2009 – ANS – Cobertura nos casos de planejamento familiar. 2009b. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ans/2009/res0192_27_05_2009.html. Acesso em: 6 maio 2024.
BRASIL. STJ. Superior Tribunal de Justiça. Em repetitivo, STJ decide que planos de saúde não são obrigados a custear fertilização in vitro. 2021. Disponível em: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/15102021-Em-repetitivo--STJ-decide-que-planos-de-saude-nao-sao-obrigados-a-custear-fertilizacao-in-vitro.aspx. Acesso em: 6 nov. 2023.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Tema Repetitivo nº 1067. Relator: Min. Marco Buzzi. Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça, [2021]. Disponível em https://processo.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jspnovaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=1067&cod_tema_final=1067.
CARDIN, Valéria Silva Galdino; CAMILO, Andryelle Vanessa. Aspectos inovadores da nova Lei de Adoção sob a perspectiva do planejamento familiar, da paternidade responsável e dos direitos da personalidade. Revista Jurídica Cesumar, v. 10, n. 2, p. 537-565, jul./dez. 2010.
CARTILHA BLEND. LGBT+, Bayer. 2019. Disponível em: https://www.bayer.com.br/sites/bayer_com_br/files/cartilha-blend-2023.pdf. Acesso em: 23 nov. 2023.
CASALECHI, Maíra, A reprodução humana assistida no SUS: saúde reprodutiva é um direito constitucional. 2018. Disponível em: https://sbrh.org.br/comite/embriologia/a-reproducao-humana-assistida-no-sus-saude-reprodutiva-e-um-direito-constitucional/ > Acesso em: 4 abr. 2024.
CIDH. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Parecer Consultivo OC-24/17. 2017. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_24_por.pdf. Acesso em: 23 nov. 2023.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento nº 63, de 14 de novembro de 2017. Institui modelos únicos de certidão de nascimento, de casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução assistida. Brasília, DF: Conselho Nacional de Justiça, [2017] Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2525.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento nº 83, de 14 de agosto de 2019. Altera a Seção II, que trata da Paternidade Socioafetiva, do Provimento n. 63, de 14 de novembro de 2017 da Corregedoria Nacional de Justiça. Brasília, DF: Conselho Nacional de Justiça, [2019]. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2975.
FREITAS, Paula Martins Felippe de. Maternidade tardia e o acesso às tecnologias reprodutivas: a (in) constitucionalidade da política dos planos de saúde em relação aos tratamentos de reprodução assistida e a perspectiva jurídica e familiar. Viçosa, MG, 2019. Disponível em: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27514. Acesso em: 6 nov. 2023.
GALBIERI AGRIA, Isabella; BRASIL MASSMANN, Patricia. A garantia à saúde pública de qualidade à população transgênera como forma de efetivação dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. Revista Direitos Humanos e Democracia, [S. l.], v. 10, n. 19, p. e12583, 2022. DOI: 10.21527/2317-5389.2022.19.12583. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/direitoshumanosedemocracia/article/view/12583. Acesso em: 15 mar. 2025.
GOZZI, Camila Monzani. Princípio do livre planejamento familiar como direito fundamental. 2019. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1349/Princ%C3%ADpio+do+livre+planejamento+familiar+como+direito+fundamental. Acesso em: 3 abr. 2024.
MEDEIROS, Luciana S. As leis do desejo – bioética e direito de acesso ao serviço de reprodução humana assistida. Florianópolis: UFSC, 2007.
MIQUELINO, Carolina Silva. Caso de dupla maternidade decorrente da inseminação caseira. 2021. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/87912/caso-de-dupla-maternidade-decorrente-da-inseminação-caseira. Acesso em: 23 abr. 2024.
RAMON, O.; MATORRAS, R. Inseminación artificial conyugal. In: MATORRAS, R.; HERNÁNDEZ, J.; MOLERO, M. D. (dir.). Tratado de reproducción humana para enfermería. Buenos Aires: Médica Panamericana, 2008, p. 193-200.
RECKZIEGEL, Janaína; LAURINDO GOMES DUARTE, Jhonatan Felipe. Horizontalidade dos direitos fundamentais e reprodução humana assistida: um novo paradigma contratual. Revista Direitos Humanos e Democracia, Ijuí: Editora Unijuí, v. 3, n. 6, p. 93-116, 2015. DOI: 10.21527/2317-5389.2015.6.93-116. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/direitoshumanosedemocracia/article/view/4406. Acesso em: 15 mar. 2025.
SANCHES, Mário Antonio. Reprodução assistida e bioética: metaparentalidade. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2013. 296 p.
SARA, W. A família na atualidade: Novo conceito de família e novas formações. 2018. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-familia-na-atualidade-novo-conceito-de-familia-e-novas-formacoes/617244671. Acesso em: 3 maio 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Barbara Prebianca Hofstaetter, Rodrigo Rodrigues Dias, Mário Antônio Sanches

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao publicar na Revista Direitos Humanos e Democracia, os autores concordam com os seguintes termos:
Os trabalhos seguem a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato;
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, inclusive comercial.
Essas permissões são irrevogáveis, desde que respeitados os seguintes termos:
Atribuição — os autores devem ser devidamente creditados, com link para a licença e indicação de eventuais alterações realizadas.
Sem restrições adicionais — não podem ser aplicadas condições legais ou tecnológicas que restrinjam o uso permitido pela licença.
Avisos:
A licença não se aplica a elementos em domínio público ou cobertos por exceções legais.
A licença não garante todos os direitos necessários para usos específicos (ex.: direitos de imagem, privacidade ou morais).
A revista não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos, que são de exclusiva responsabilidade dos autores. O Editor, com o apoio do Comitê Editorial, reserva-se o direito de sugerir ou solicitar modificações quando necessário.
Somente serão aceitos artigos científicos originais, com resultados de pesquisas de interesse que não tenham sido publicados nem submetidos simultaneamente a outro periódico com o mesmo objetivo.
A menção a marcas comerciais ou produtos específicos destina-se apenas à identificação, sem qualquer vínculo promocional por parte dos autores ou da revista.
Contrato de Licença: Os autores mantém os direitos autorais sobre seu artigo, e concedem a Revista Direitos Humanos e Democracia o direito de primeira publicação.










