A ATUALIDADE DO LIBERALISMO POLÍTICO DE BOBBIO NA ÉPOCA DO LIBERALISMO ECONÔMICO E DO POPULISMO AUTORITÁRIO
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2020.16.177-193Resumen
Após a queda do muro de Berlim, os intelectuais liberais manifestaram a cauta esperança de que o encerramento do período histórico da guerra fria abriria uma nova era de expansão do Estado Democrático de Direito no mundo. Esta esperança se realizou em parte (a terceira onda de Huntington), mas está hoje em crise tanto nos regimes democráticos consolidados como nos novos regimes políticos que saíram de regimes autoritários. Os países que não experimentaram historicamente a democracia liberal, como a China e a Rússia, são governados por regimes de liberalismo econômico e de autoritarismo político; as primaveras árabes, na maioria dos casos, não resultaram em regimes democráticos, mas em guerras civis e/ou ditaduras militares; e nos países de tradição democrática como a Europa e os Estados Unidos a ideologia política que mais cresce é o populismo de extrema direta. Bobbio viria com preocupação este movimento, porque era favorável a um liberalismo político, mas mantinha severas restrições ao liberalismo econômico, e era também um crítico do populismo, que considerava uma forma de democracia plebiscitária com rasgos autoritários. Diante deste contexto, queremos debater a atualidade do liberalismo bobbiano, na esperança de que não estamos assistindo aos “últimos capítulos” de uma longa e gloriosa tradição. Faremos isso analisando três diferentes tipos de liberalismo (político, econômico e social), e três diferentes tipos de democracia (elitista, plebiscitária e participativa), relacionando-as entre elas na procura da “melhor forma de governo”. Finalmente teceremos algumas breves considerações sobre a situação política brasileira à luz desses princípios.
Palavras-chave: Liberalismo político; liberalismo econômico; democracia; populismo; autoritarismo.
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