A linguagem dos direitos humanos na ditadura militar brasileira: Uma análise dos discursos oficiais na assembleia geral da ONU
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2024.23.14683Palavras-chave:
Direitos humanos, Ditadura Militar, Discurso diplomático, ONUResumo
Este artigo busca analisar o uso da linguagem dos direitos humanos pelos governos militares do Brasil durante o período da ditadura militar (1964-1985), por meio dos discursos proferidos na Assembleia Geral da ONU. Para esse fim, utilizamos como base a organização feita por Corrêa, que compilou os discursos realizados pelo Brasil em Sessões Ordinárias da Assembleia Geral da ONU no período de 1946 a 2006. O trabalho foi conduzido seguindo a metodologia proposta por Pimentel e Panke (2020) para a análise de discursos diplomáticos em comunicação política. Os resultados revelam que, apesar das narrativas ideológicas que buscavam enfatizar o compromisso do país com os direitos humanos, a comunidade internacional percebia o governo militar brasileiro como um violador desses direitos. Conclui-se que a linguagem dos direitos humanos foi instrumentalizada pelos governos militares, visando a legitimar suas ações e obter reconhecimento internacional, apesar das evidências de violações dos direitos humanos.
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