Nível de Atividade Física em Pacientes Renais Crônicos e Correlações com Perfil Nutricional e Qualidade de Vida
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2023.47.12984Palavras-chave:
Atividade Física, Qualidade de Vida, Nutrição, RenalResumo
Estudos apresentaram resultados benéficos para a prática de exercício físico no tratamento adjuvante à Doença Renal Crônica (DRC). O objetivo deste estudo foi correlacionar o nível de atividade física com a qualidade de vida e o perfil nutricional de pacientes em tratamento conservador para DRC em um hospital de alta complexidade. A amostra foi composta por pacientes de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, em tratamento conservador para DRC e com Taxa de Filtração Glomerular (TFG) menor que 89 mL/min/1,73m2. Foram avaliados o perfil social (sexo, moradia, estado civil e escolaridade), de saúde (doenças pré-existentes, comportamento etílico e tabaco) e nutricional (peso, altura, Índice de Massa Corporal – IMC, Circunferência de Cintura – CC e percentual de gordura – calculados a partir das pregas tricipital, subescapular e suprailíaca); nível de atividade física e qualidade de vida. Participaram do estudo 70 pacientes com idade média de 60,5 ± 9,57 anos, 57,14% mulheres, 52,85% diabéticos e 80% hipertensos. Para o perfil nutricional observou-se um elevado percentual de obesidade (55,71%), elevados índices de CC (95,04 ± 16,9 cm) e 67,15% apresentaram baixos níveis de atividade física, com a maior média nas atividades físicas domésticas (32,23 min/sem), sendo considerados inativos. Para o nível de qualidade de vida, menores escores em satisfação com saúde (2,85 ± 1,53) e meio ambiente (2,73 ± 0,49); melhores escores em domínio psicológico (3,73 ± 0,69) e relações sociais (3,64 ± 0,73). O grupo fisicamente ativo apresentou menores valores de peso (p=0,028), IMC (p=0,043) e CC (p=0,039) que os grupos com baixa atividade física. O nível de atividade física se correlacionou positivamente com a TFG (r=0,190); percentual de gordura (r=0,004); massa gorda (r=0,442); dimensões físicas (r=0,212), percepção geral da saúde (r=0,125) e satisfação geral com a saúde da qualidade de vida (r=0,125); e com todas as dimensões da atividade física, a saber: trabalho (r=0,947), deslocamento (r=0,442), doméstico (r=0,674) e lazer (r=0,564). Apesar de a DRC ser uma doença de característica inflamatória, crônica e progressiva, com terapias farmacológicas atuais se mostrando limitadas no controle da sua evolução, o estudo mostrou que a atividade física pode apresentar uma resposta positiva no controle de parâmetros que contribuem para seu avanço, sendo um caminho positivo no cuidado multiprofissional à doença.
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