Análise do perfil bacteriológico de pacientes internados em terapia intensiva quanto a morbimortalidade: Estudo longitudinal
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14017Palavras-chave:
microbiologia, infecção hospitalar, resistência microbiana a medicamentos, unidades de terapia intensiva, segurança do pacienteResumo
Objetivo: Analisar o perfil bacteriológico de pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva e sua associação com a morbimortalidade. Método: Estudo observacional, longitudinal com uma amostra de 180 pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva. A coleta de dados ocorreu por consulta ao banco de dados do laboratório de bacteriologia clínica e prontuário eletrônico entre maio e julho de 2022. O método Kaplan-Meier foi utilizado para a análise de sobrevida. Resultados: Klebsiella pneumoniae (46,38%) foi o microrganismo mais prevalente, com taxas de resistência de cefepima (90,6%), cefotaxima (84,4%), ceftazidima (84,4%), ciprofloxacino (84,4%) e piperacilina + tazobactam (84,4%). O estudo evidenciou que a cada dia de internação a chance do paciente apresentar hemocultura positiva aumentou em 4,1% (p-valor <0,001). Quanto à mortalidade, 85 pacientes foram à óbito, 34 (62,96%) com hemocultura positiva. A presença de microrganismos nas hemoculturas aumentou a chance de óbito em 2,5 vezes (p-valor 0,006). A análise de sobrevivência evidenciou os pacientes com hemocultura positiva possuem um tempo de internação mais prolongado. Conclusão: O conhecimento adequado do perfil microbiológico e de resistência antimicrobiana por enfermeiros é fundamental para orientar o planejamento e implementação de estratégias assistenciais, gerenciais e educacionais, para enfermagem e toda equipe multiprofissional.
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