Características de deglutição e nutricionais de pacientes com síndrome pós-covid-19: Estudo ambispectivo
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2025.50.14259Palavras-chave:
COVID-19, Deglutição, Desnutrição, Transtornos de deglutiçãoResumo
O objetivo primário do estudo foi descrever o perfil de deglutição por meio de avaliação clínica e instrumental e o perfil nutricional de pacientes com síndrome pós-COVID-19, por sexo. Estudo ambispectivo. A coleta de dados primários foi realizada no Ambulatório de Reabilitação pós-COVID-19 de um hospital universitário, sendo selecionados 50 indivíduos adultos que estiveram internados por COVID-19 grave. Todos foram submetidos às avaliações de deglutição (Eating Assessment Tool – 10 – EAT-10; Volume–Viscosity Swallowing Test - V-VST e videoendoscopia da deglutição - VED) e nutricionais (Mini Avaliação Nutricional- MNA e Índice de Massa Corporal - IMC). Participaram 26 mulheres (51,04 ±13,59anos) e 24 homens (55,92±10,18anos) após 4 meses da infecção aguda por COVID-19, com histórico de internação prolongada em unidade de terapia intensiva (UTI) por mais de 20 dias. Alterações na deglutição, no sexo feminino e masculino, foram identificadas no EAT-10 (53,85% - 8,33%; p=0,001); no V-VST (76,92% - 79,17%; p=0,848) e no VED (92,31% - 83,33%; p=0,651), respectivamente. Tanto as mulheres (35,41± 5,68Kg/m2) quanto os homens (31,65±4,64Kg/m2) eram obesos. O risco para desnutrição, pelo MNA, foi observado em ambos os sexos (53,85% nas mulheres e 58,33% nos homens) e 23,08% das mulheres eram desnutridas. Não foram observadas correlações entre as variáveis de deglutição com classificação do IMC (p=0,663) e com MNA (p=0,137). Nossos resultados sugerem que os indivíduos com síndrome pós-COVID-19 apresentaram risco para disfagia e obesidade, independente do sexo. Ademais, as mulheres eram desnutridas. Fica evidente a importância do atendimento oportuno das alterações de deglutição e nutrição, com o objetivo de avaliar e otimizar a reabilitação, evitando sequelas associadas.
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