Uso de antimicrobianos em hospital especializado em cardiologia
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14385Palavras-chave:
Revisão de uso de medicamentos, Gestão de Antimicrobianos, Farmacorresistência Bacteriana MúltiplaResumo
O gerenciamento do uso de antimicrobianos tem sido apontado como ação relevante para mitigar o uso irracional e a crescente resistência a esta classe de medicamentos. Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar a utilização dos antimicrobianos mediante mensuração do consumo e avaliação de adequação do tratamento quanto à indicação, dose e duração, no período de agosto a novembro de 2019, em um hospital especializado em cardiologia. Os tratamentos iniciados de forma empírica também foram avaliados quanto à sua adequação após resultado de cultura e teste de sensibilidade a antimicrobianos, e, no caso de necessidade, à realização de ajuste. Ademais, aplicou-se a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em que os antimicrobianos são agrupados, conforme o impacto do seu uso na resistência microbiana e a importância do seu uso adequado e restrito, nas categorias Access, Watch e Reserve (AwaRe), a estes tratamentos. Foram avaliadas 1558 prescrições associadas a 405 tratamentos. As classes terapêuticas mais utilizadas foram as penicilinas combinadas, carbapenêmicos e cefalosporinas de terceira geração. A adequação na indicação foi observada em 84,2% dos casos. Dentre esses, 88,1% e 90,6% apresentavam, respectivamente, dose e duração do tratamento adequadas. Os tratamentos iniciados empiricamente foram realizados majoritariamente (58,7%) com antimicrobianos do grupo Watch, seguido do grupo Reserve (23,5%) e Access (17,8%). O ajuste de terapia foi realizado em 59% dos casos que os necessitavam (57,9%). Os resultaos sugerem que o uso de antimicrobianos deve ser aperfeiçoado, buscando minimizar o uso empírico, favorecer o uso de antimicrobianos da categoria Access e promover a adequação dos tratamentos empíricos após resultados de cultura.
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