Clusters de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em agentes comunitários de saúde
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2025.50.14435Palavras-chave:
Agentes comunitários de saúde, Doenças não transmissíveis, Comportamentos relacionados com a saúde, Conductas Relacionadas con la SaludResumo
Este estudo objetivou estimar a prevalência de clusters de fatores comportamentais de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), bem como os fatores associados em Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Trata-se de um estudo censitário, transversal analítico, derivado de um projeto de pesquisa intitulado Condições de trabalho e saúde de ACS do norte de Minas Gerais: estudo longitudinal, realizado na cidade de Montes Claros, MG. A variável dependente foi a presença simultânea, ou clusters, de três ou mais fatores comportamentais de risco para DCNT. A definição de variáveis associadas foi realizada após análise de regressão múltipla de Poisson com variância robusta. Participaram do estudo 675 ACS. Desses, 57.6% (n=389) apresentaram pelo menos três fatores de risco simultâneos para DCNT, sendo os mais prevalentes baixo consumo de frutas, inatividade física e consumo abusivo de refrigerantes. As variáveis que se mostraram associadas ao cluster de fatores comportamentais foram idade maior ou igual a 37 anos (RP=0.87; IC95%=0.81-0.94; p=0.001), percepção do estado de saúde ruim (RP=1.08; IC95%=1.00-1.16; p=0.037) e presença de hipertensão (RP=1.17; IC95%=1.06-1.30; p=0.001). Conclui-se que a prevalência de três ou mais fatores de risco para DCNT nos ACS foi elevada, e que fatores sociodemográficos e clínicos estão associados ao desfecho investigado. Considerando os resultados registrados, os serviços de saúde devem propiciar políticas de atenção diferenciadas aos ACS, buscando prevenir os fatores comportamentais que podem elevar a morbimortalidade por DCNT.
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