Prevalência e fatores associados à carie dentária em crianças de escolas públicas e particulares: Estudo transversal
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14841Palavras-chave:
cárie dentária, odontopediatria, odontologia preventiva, prática de saúdeResumo
Introdução: A cárie infantil é problema de saúde pública nas comunidades carentes do Brasil. Embora existam programas de governo para a melhoria da saúde bucal de crianças de escolas públicas, são necessárias mais informações sobre a eficácia desses programas. Objetivo: O objetivo aqui foi analisar a prevalência e os fatores associados à cárie em crianças de 5 e 12 anos em escolas públicas e particulares. Métodos: O presente estudo transversal incluiu 857 crianças de 5 (n=509) e 12 anos (n=348) que frequentavam escolas públicas (n=416) ou particulares (n=441) em Patos/PB, Brasil. Entre março e setembro de 2018 examinamos a cárie nessa população de estudo usando o índice CPOD/cedo e obtivemos dados demográficos dessas crianças, sua frequência de escovação, seu status socioeconômico e os serviços de saúde bucal de suas escolas por meio de questionários. As análises estatísticas foram realizadas por meio de regressão logística múltipla (p<0,05). Resultados: A prevalência de cárie não-tratada e o índice ceod observados em crianças de 5 anos de idade foram de 51,5% (n=117) e 2,34 em escolas públicas e de 28,4% (n=80) e 1,04 em escolas particulares. Em crianças de 12 anos, observou-se prevalência de cárie não-tratada de 41,3% (n=78) e índice CPOD=0,99 na rede pública e de 22% (n=35) e índice CPOD=0,50 na rede particular. As crianças de escolas públicas tiveram chances de cárie 2,19 (5-anos) e 2,41 (12-anos) vezes maiores (p<0,01), em comparação com as de escolas particulares. Entre as de 5 anos, as chances de cárie foram 3,6 vezes maiores em domicílios de baixa renda (p=0,025) e 42% menores se recebiam visitas de profissionais de saúde bucal na escola (p=0,011). Conclusão: Escolas públicas apresentam maiores chances de cárie dentária em crianças de ambas as idades. Crianças de 5 anos de idade possuem maiores chances de cárie em famílias de baixa renda e menores chances de cárie em escolas com acesso ao atendimento odontológico.
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