O cuidado interprofissional e seus desdobramentos para a segurança do paciente na Atenção primária
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2025.50.15745Palavras-chave:
Relações interprofissionais; Segurança do paciente; Atenção primária a saúde.Resumo
Objetivo: identificar possíveis facilitadores ou barreiras para o cuidado interprofissional colaborativo na atenção primária a saúde e sua relação com o cuidado seguro. Método: trata-se de um estudo qualitativo exploratório com uso da técnica de grupo focal com equipes de saúde da família de um município do interior do estado de São Paulo. Critério de inclusão foi pertencer à equipe há no mínimo seis meses. Critério de exclusão foi estar de férias ou afastado no período da coleta de dados. Foi utilizado um roteiro com perguntas norteadoras sobre as práticas interprofissionais colaborativas e o cuidado seguro. O produto da transcrição foi tratado no software IRAMUTEQ e analisado à luz do referencial teórico das práticas interprofissionais colaborativas e do cuidado seguro. Resultados: foram formadas seis classes: implementação do cuidado seguro, objetivos do trabalho, tomada de decisão, construção do cuidado, comunicação da equipe e ações que integram o cuidado seguro. A forma como cada membro desempenha seu papel, a compreensão dos objetivos do trabalho, a comunicação, como o cuidado é ofertado e como as divergências em equipe são trabalhadas refletem no desempenho e na resolutividade do trabalho. Conclusão: assim, os fatores relacionados ao cuidado seguro e ao clima de equipe, como a satisfação no trabalho, sofrem influência da forma como a equipe interage no seu cotidiano.
Referências
1World Health Organization. Framework for action on interprofessional education & collaborative practice. World Health Organization. 2010. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/framework-for-action-on-interprofessional-education-collaborative-practice
2Arruda LS, Moreira COF. Colaboração interprofissional: um estudo de caso sobre os profissionais do Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NAI/UERJ), Brasil. Interface (Botucatu). 2018;22(64):199–210. Available from: https://doi.org/10.1590/1807-57622016.0613
3Morgan S, Pullon S, McKinlay E. Observation of interprofessional collaborative practice in primary care teams: An integrative literature review. Int. J. Nurs. Stud. 2015;52(7):1217–30. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25862411/ doi: 10.1016/j.ijnurstu.2015.03.008.
4Agreli HF, Peduzzi M, Bailey C. Contributions of team climate in the study of interprofessional collaboration: A conceptual analysis. J Interprof Care. 2017;31(6):679-684. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28876142/ doi: 10.1080/13561820.2017.1351425
5Caneppele AH et al. Colaboração interprofissional em equipes da rede de urgência e emergência na pandemia da Covid-19. Esc. Anna Nery. 2020;24(spe). Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0312
6Rosen MA et al. Teamwork in healthcare: key discoveries enabling safer, high-quality care. Am. Psychol. 2018;73(4):433-450. Available from: https://doi.org/10.1037/amp0000298
7Giovanella L, Franco CM, Almeida PF de. Política Nacional de Atenção Básica: para onde vamos?. Ciênc. Saúde Colet. 2020;25(4):1475–82. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020254.01842020
8Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019. Institui o Programa Previne Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 nov. 2019. seção 1, p. 97. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=13/11/2019&jornal=515&pagina=97. Acesso em: 23 mar. 2023.
9Reeves S, Xyrichis A, Zwarenstein M. Teamwork, collaboration, coordination, and networking: Why we need to distinguish between different types of interprofessional practice. J Interprof Care. 2018;32(1):1-3. Available from: https://doi.org/10.1080/13561820.2017.1400150
10Macinko J, Mendonça CS. Estratégia Saúde da Família, um forte modelo de Atenção Primária à Saúde que traz resultados. Saúde debate. 2018;42(spe1):18–37. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-11042018S102
11Grasel J, Zuge SS, Soratto J, Trindade L de L, de Brum CN, da Silva CB. Satisfação de profissionais da Estratégia Saúde da Família durante a pandemia de COVID-19. Rev. Cont. Saúde. 2023;23(47):e13888. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/13888
12Silva IP, Pegoraro RF. Revisão de literatura sobre grupos focais no contexto da assistência social. Interação Psicol. 2022; 26(1):114-24. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/riep.v26i1.66809.
13Alves JG, Braga LP, Souza C da S, Pereira EV, Mendonça GUG, Oliveira CAN de, et al. Grupo focal on-line para a coleta de dados de pesquisas qualitativas: relato de experiência. Esc Anna Nery [Internet]. 2023;27:e20220447. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2022-0447pt
14Binotto CCS. Práticas interprofissionais colaborativas para um cuidado seguro na estratégia saúde da família. 2023. [Tese de Doutorado]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/18101.
15Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006.
16Camargo BV, Justo AM. Tutorial para uso do software de análise textual IRAMUTEQ. Toulouse: Irumateq.org, 2013. Disponível em: http://www.iramuteq.org/
documentation/fichiers/tutoriel-en-portugais.
17Sarti TD et al. Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela COVID-19? Epidemiol Serv Saude. 2020;29(2):e2020166. Available from: https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200024
18Escalda P, Parreira CMS. Dimensions of interprofessional work and of collaborative practices developed at a primary care unit by a family health team. Interface. 2018;22(Supl. 2):1717-1727. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622017.0818.
19D’amour D et al. A model and typology of collaboration between professionals in healthcare organizations. BMC Health Serv Res. 2008;8(188). Available from: https://doi.org/10.1186/1472-6963-8-188
20Ministério da Saúde(BR). Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília, DF: Fundação Oswaldo Cruz: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2014. 40 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br.
21Costa MV et al. Educação interprofissional no Brasil: desafios e agenda para o futuro. In: Dias MAS, Vasconcelos MIO. Interprofissionalidade e colaboratividade na formação e no cuidado no campo da atenção primária a saúde. Sobral: Edições UVA, 2021.
22World Health Organization. WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19. Geneva: World Health Organization, 2020. Available from: https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020.
23Barreto M. S. et al. Fake news about the COVID-19 pandemic: perception of health professionals and their families. Rev Esc Enferm USP. 2021;55:e20210007. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0007
24Farias DN et al. Interdisciplinaridade e interprofissionalidade na estratégia saúde da família. Trabalho, Educação e Saúde. 2022;16(1):141-162. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00098
25Silva APF et al. Segurança do paciente na atenção primária: concepções de enfermeiras da estratégia de saúde da família. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(spe). Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180164
26Peduzzi M et al. Trabalho em equipe: uma revisita ao conceito e a seus desdobramentos no trabalho interprofissional. Trabalho, Educação e Saúde. 2020;18(suppl 1):e0024678. Available from: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00246
27Araújo ÁC de, Vieira LJE de S, Ferreira Júnior AR, Pinto AGA, Freitas KM de, Ribeiro CL. Processo de trabalho para coordenação do cuidado na Estratégia de Saúde da Família. Esc Anna Nery [Internet]. 2023;27:e20220330. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2022-0330pt
28Franco TB. As redes na micropolítica do processo de trabalho em saúde. In: Pinheiro R, Ferla A A, Mattos RA. Gestão em Redes. Rio de Janeiro: LAPPIS-IMS/UERJ-CEPESC, 2006. p. 459-473.
29Santos, R. R. et al. A influência do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Pesqui Saúde. 2016;18(1):130-139. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/15144.
30Capucho HC, Cassiani SHB. Necessidade de implantar programa nacional de segurança do paciente no Brasil. Rev Saude Publica. 2013;47(4):791-798. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004402
31Silva MC et al. Adaptação transcultural e validação da escala de clima do trabalho em equipe. Rev Saude Publica. 2016;50:52. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050006484
32Ministério da Saúde(BR). Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 out. 2011. seção 1, p. 48-55. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=24/10/2011&jornal=1&pagina=48.
33Morosini MVG, Fonseca AF, Lima LD. Política Nacional de Atenção Básica 2017: retrocessos e riscos para o Sistema Único de Saúde. Saúde em Debate. 2018;42(116):11-24. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-1104201811601
34Parand A et al. The role of hospital managers in quality and patient safety: a systematic review. BMJ Open 2014;4(9):e005055. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2014-005055
35Magalhães AMM, Dall’agnol CM, Marck PB. Nursing workload and patient safety - a mixed method study with an ecological restorative approach. Rev Lat Am Enfermagem. 2013;21(spe):146-154. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692013000700019
36Merhy EE, Franco TB. Reestruturação produtiva em saúde. In: Pereira IB, Lima JCF. (orgs.). Dicionário de educação profissional em saúde. 2.ed. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venânci: Fundação Oswaldo Cruz. 2018. p. 348-352. Disponível em: http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/Dicionario2.pdf.
37Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente. Comunicação ineficaz está entre as causas-raízes de mais de 70% dos erros na atenção à saúde. São Paulo: IBSP, 2017. Disponível em: https://ibsp.net.br/materiais-cientificos/comunicacao-ineficaz-esta-entre-as-causas-raizes-de-mais-de-70-dos-erros-na-atencao-a-saude.
38Sousa JBA. et al. Comunicação efetiva como ferramenta de qualidade: desafio na segurança do paciente. Brazilian Journal of Health Review. 2020;3(3)6467-6479. Available from: https://doi.org/10.34119/bjhrv3n3-195
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Contexto & Saúde

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista Contexto & Saúde concordam com os seguintes termos:
a) A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação na Revista Contexto e Saúde do(s) artigo(s) aceitos para publicação à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da revista e suas bases de dados de indexação e repositórios, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Isto significa que, ao procederem a submissão do(s) artigo(s) à Revista Contexto e Saúde e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, os autores têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
b). Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
c). Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
d). Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).