Alternativas seguras no tratamento de hipertensão arterial e diabetes em idosos no Distrito Federal - Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2025.50.16267Palavras-chave:
desprescrição, lista de medicamentos potencialmente inapropriados, hipertensão, diabetes mellitus, idosos, acesso a medicamentos essenciais e tecnologias em saúdeResumo
Introdução: Este estudo objetiva apresentar alternativas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), para desprescrição de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) ou interações medicamentosas potenciais (IMP), no tratamento de hipertensão arterial ou diabetes mellitus, em idosos, no Distrito Federal. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com análise de prescrições para identificação de MPI ou IMP e análise de protocolos clínicos e diretrizes, visando apresentar alternativas da relação de medicamentos padronizados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e do Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB). Resultados: O MPI mais frequente foi a insulina (13,7%), seguida pela clonidina (1,6%) e glibenclamida (1,0%). A IMP mais frequente foi entre bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou diuréticos poupadores de potássio (6,6%). Discussão: Antidiabéticos com menor risco de causarem hipoglicemia, como metformina e dapagliflozina, são disponibilizados pela SES-DF e pelo PFPB. A gliclazida de liberação modificada figura como alternativa entre as sulfonilureias, apresentando vantagens em termos de eficácia no controle glicêmico, segurança cardiovascular e baixo potencial de desencadear hipoglicemia; entretanto, o acesso gratuito fica restrito à SES-DF. A disponibilidade de diuréticos tiazídicos, betabloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio no SUS permite associar anti-hipertensivos que agem sobre o sistema renina-angiotensina de forma mais segura. Conclusão: As diferenças entre a REME-DF e o PFPB mostraram que a SES-DF oferece mais opções para o tratamento de hipertensão arterial ou diabetes mellitus, incluindo alternativas mais seguras para idosos e a possibilidade de realizar associações de medicamentos mais efetivas.
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