Por uma “rebelião epistemológica”: notas sobre desenvolvimento e planejamento urbano na perspectiva de intelectuais indígenas e quilombolas
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.61.16046Palavras-chave:
comunidades tradicionais, epistemologia, decolonialismo, desenvolvimento, urbanismo, planejamento urbanoResumo
Este artigo apresenta uma síntese do olhar de intelectuais indígenas e quilombolas sobre o desenvolvimento e planejamento urbano. Para tanto foram selecionadas algumas obras de Ailton Krenak, Davi Kopenawa e Antônio Bispo dos Santos. A finalidade é ampliar a discussão decolonial e contracolonial no campo do Planejamento Urbano e de outras Ciências Sociais Aplicadas, verificando-se que ainda ausenta-se na área um debate aprofundado sobre a potência desses intelectuais. Trata-se de uma revisão bibliográfica teórica, revisitando alguns princípios e problemáticas históricas e conjunturais, um debate sobre como as experiências de comunidades tradicionais tensionam a ordem do desenvolvimento ao apresentarem outras epistemes de uso, ocupação e produção da vida e da natureza. A metodologia é qualitativa, logo, para demonstrar determinados cenários buscou-se exemplificar com eventos de cunho nacional. Como resultados apontamos para a potencialidade dos discursos contra-hegemônicos na construção de um outro planejamento urbano de base comunitária e humana, em que a natureza e a cultura sejam entrelaçadas em uma perspectiva revisitada.
Referências
BENITES, T. Rojeroky Hina Ha Roike Jevy Tekohape. In: CARNEVALLI, F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonte: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
CASTRO, E. V. de. Prefácio. In: KOPENAWA, D.; ALBERT, B.. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 18-19.
CASTRO, E. Território, biodiversidade e saberes de populações tradicionais. In: CASTRO, E.; PINTON, F. (org.). Faces do trópico úmido: conceitos e questões sobre desenvolvimento e meio-ambiente. Belém: Cejup, 1997. p. 263-283.
DA MATTA, R. Relativizando. Uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes, 1981.
DEUS, D. E. Tecnodiversidade e educação: reflexões a partir de aprendizagens técnicas no meio rural. Áltera, João Pessoa, n. 16, p. 10, 2023.
ESCOBAR, A. Sentirpensar con la tierra. Nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: Ediciones Unaula, 2014. p. 76.
GOMES, C.; RESCHILIAN, P. R.; UEHARA, A. Perspectivas do planejamento regional do Vale do Paraíba e litoral norte: marcos históricos e a institucionalização da região metropolitana no Plano de Ação da Macrometrópole Paulista Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), v. 10, n. 1, p. 154-171, 2018 jan./abr. Disponível em: https://www.scielo.br/j/urbe/a/t5yYZXjMySXz9jJSXcwxk7P/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 15 jul. 2024.
HARVEY, D. Espaços de esperança. Tradução Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
HURTADO, L. M.; PORTO-GONÇALVES, C. W. Resistir y re-existir. GEOgraphia, v. 24, n. 53, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i53.a54550. Acesso em: 14 jul. 2024.
KIDOIALE, M. As plantas, nossos ancestrais. In: CARNEVALLI. F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonte: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 355.
KRENAK, A. Ecologia política. Ethnoscientia, v. 3, (n. 2 Especial), p. 1-2, 2018. DOI: 10.22276/ethnoscientia.v3i2.193. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/ethnoscientia/article/viewFile/10225/Krenak%202018. Acesso em: 15 jul. 2024.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 40.
KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. p. 10, 15.
KRENAK, A. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
MAXAKALI, S. Aldeia-escola-floresta. In: CARNEVALLI. F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonta: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
MIRAFTAB, F. Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 18, n. 3, p. 363-377. 2016. Disponível em: https://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/5499. Acesso em: 15 jul. 2024.
OLIVEIRA, J. F. de. “Lutar pela nossa terra”. In: CARNEVALLI, F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonte: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
PIQUET, R. P. da S.; RIBEIRO, A. C. T. Tempos, idéias e lugares: o ensino do Planejamento Urbano e Regional no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 10, n. 1, p. 49, 2008. DOI: https://doi.org/10.22296/2317-1529.2008v10n1p49
SANTOS, A. B. dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu, 2023. p. 18, 97.
SANTOS, A. B. dos. Colonização, quilombos: modos e significações. Brasília, DF: Incti-UnB, 2019.
SANTOS, B. de S. O fim do império cognitivo. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. São Paulo: Novos estudos Cebrap, 2007. p. 71-94.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 31. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SANTOS, M. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1982.
SANTOS, M. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.
TUPINAMBÁ, G. O território sonha. In: CARNEVALLI, F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonte: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
XACRIABÁ, C. Amansar o giz. In: CARNEVALLI, F. et al. (org.). Terra: antologia afro-brasileira. São Paulo; Belo Horizonte: Ubu Editora: Piseagrama, 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Desenvolvimento em Questão
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).