Influência do isomorfismo na institucionalização de práticas sustentáveis em cooperativas de agricultura familiar
DOI:
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2024.60.15986Palavras-chave:
Cooperativismo, Desenvolvimento territorial, Teoria Institucional, IsomorfismoResumo
Concebendo o cooperativismo como elemento de desenvolvimento territorial, a partir de cooperativas constituídas por agricultores familiares, o presente artigo apresenta um estudo multicaso. O objetivo foi analisar as implicações do isomorfismo na institucionalização de práticas sustentáveis em quatro cooperativas de agricultura familiar localizadas na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Nesta pesquisa foi utilizada a concepção de isomorfismo de DiMaggio e Powell (2005), a qual caracteriza a ocorrência de três tipos deste fenômeno: coercitivo, mimético e normativo. A abordagem da pesquisa é qualitativa, em que os dados foram coletados por meio de entrevista em profundidade e observação não participante. Os resultados afirmam que o isomorfismo, sobretudo do tipo coercitivo, mostrou-se um mecanismo importante na institucionalização das práticas sustentáveis, uma vez que as quatro cooperativas estudadas sofrem algum tipo de influência de outras organizações, como a Vigilância Sanitária, Emater, Prefeituras e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assim, o estudo considera que a influência do isomorfismo é fator determinante na institucionalização de práticas sustentáveis, posto que estas práticas contribuem para que as cooperativas de agricultura familiar alcancem mercados institucionais e perdurem seu papel como agentes do desenvolvimento no território ao qual estão inseridas.
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