A construção do estado de bem-estar social e o neoliberalismo: Uma reflexão sobre a ruptura da evolução dos direitos humanos e do processo de (des)mercadorização das sociedades capitalistas
DOI:
https://doi.org/10.21527/2317-5389.2024.23.15869Palabras clave:
direitos humanos, estado de bem-estar social, justiça social, mercadorização das relações sociais, neoliberalismoResumen
O tema deste artigo é resgatar alguns elementos do processo de construção do Estado de Bem-Estar Social e refletir sobre o impacto da crise econômica da década de 70 do século 20 sobre a trajetória crescentemente social do Estado e da cidadania modernos. Assim, o texto recupera o processo de transformação do Estado moderno e seus vínculos com as diversas gerações de direitos. Em seguida, aborda a importância das ideias socializantes para a formação do pacto que levou a uma crescente tendência desmercadorizante das sociedades capitalistas. Por fim, analisa a crise econômica do início dos anos 70 do século passado e seu impacto sobre a forma de constituição da vida coletiva. Nesse sentido, constata-se que a crise referida foi, mais que uma crise conjuntural e passageira como tantas outras, um evento que produziu uma notável virada histórica que levou ao declínio das ideias que sustentavam o Estado de Bem-Estar Social e os direitos econômicos e sociais e à ascensão das ideias neoliberais. A conclusão é que esta transformação produziu uma nova mercadorização de diversas esferas das sociedades capitalistas e provocou, em consequência, o abandono da cultura da igualdade e da justiça social.
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