A (in)visibilidade da violência no cotidiano escolar dos alunos cegos
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2023.120.10086Palavras-chave:
Violência. Bullying. Alunos Cegos. Educação Inclusiva.Resumo
Este estudo buscou compreender quais são as situações de violência simbólica vivenciadas pelos alunos cegos no cotidiano da sala de aula/escola comum. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo etnográfica. Para a coleta de dados, foram utilizadas a entrevista semiestruturada e a observação sistemática. Como sujeitos da pesquisa, foram incluídos 8 alunos cegos de 6 escolas comuns da rede pública municipal, e 20 professores que atuam nas classes onde esses alunos estão inseridos. Os resultados evidenciam que a violência na/da escola está expressa na inacessibilidade, tanto no que se refere à dimensão físico-arquitetônica quanto à programática, metodológica comunicacional e tecnológica, dentre outras. No que se refere ao processo de ensino/aprendizagem, a instituição de ensino costuma atribuir as dificuldades dos alunos com deficiência ao seu déficit sensorial, intelectual e a outros transtornos, e nunca a uma prática docente ou mediação inadequadas, visto que as rotinas e rituais da escola ainda estão presos ao estereótipo do aluno padrão, que não se coaduna com a diversidade dos alunos que estão adentrando as escolas.
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