Pesquisando Saberes na e Para a Autogestão
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2008.80.75-92Resumo
Nas sociedades capitalistas modernas, no topo da hierarquia dos saberes socialmente valorizados, encontramos aquele incorporado na tecnologia e no conhecimento científico que tem sido legitimado, reconhecido e validado socialmente mediante um determinado valor de uso, simbólico e de troca. Os diplomas, direitos autorais e patentes outorgam legitimidade,legalidade e propriedade ao conhecimento, por meio de diversos mecanismos de certificação. O trabalhador, no entanto, não tem sido reconhecido no ambiente de trabalho,
especialmente na forma de organização do processo de trabalho e da produção taylorista/fordista, como sujeito que também cria saber no cotidiano de sua atividade de trabalho,
individual e coletivamente, produzindo e recriando a tecnologia. Para as e os envolvidos em iniciativas da economia solidária e empresas recuperadas com base na autogestão, esta questão se complexifica, pois se trata de identificar, reconhecer, analisar criticamente e também legitimar saberes e experiências produzidos em atividades pregressas de trabalho assalariado, ou mesmo informal, na relação de continuidade e de ruptura com a experiência e os saberes produzidos no próprio trabalho associado. O artigo tematiza a formação de trabalhadores de empresas recuperadas focalizando a questão dos saberes produzidos para e na autogestão. Para tanto, situa historicamente a autogestão e apresenta, de forma sucinta, diferentes autores que têm trabalhado o tema. No que diz respeito à questão dos saberes, os estudos sobre o sujeito na sua relação com a atividade de trabalho, realizados pela Ergologia, são uma referência central utilizada para problematizar a formação para e na autogestão. Empiricamente, desenvolve-se um exercício de análise em uma empresa de alumínio, localizada em São Leopoldo/Rio Grande do Sul, recuperada pelos trabalhadores e transformada em Cooperativa no ano de 2001.
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