Relações entre as percepções de ciência e as atividades experimentais na docência em química: Um estudo utilizando a classificação hierárquica descendente
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.13884Palavras-chave:
Percepção de ciência, Institutos Federais, Princípios estilísticos, ExperimentaçãoResumo
Este artigo tem como objetivo analisar as percepções de ciência de um grupo de docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico que se dividem quanto às concepções e práticas sobre experimentação no ensino. A pesquisa possui abordagem qualitativa e é do tipo descritiva. Os participantes foram 14 docentes vinculados aos Institutos Federais do estado de Goiás, e a coleta de dados ocorreu por meio de uma entrevista semiestruturada. Para análise dos dados as entrevistas foram transcritas, submetidas ao software Iramuteq e interpretadas analiticamente. Nossos resultados exploram as semelhanças e distanciamentos entre quatro grupos que apresentam diferentes princípios estilísticos acerca da experimentação no ensino. Entre os grupos que se aproximam de princípios estilísticos simplistas de experimentação, há uma defesa pela neutralidade da ciência, considerando os aspectos subjetivos que envolvem o fazer ciência como uma característica negativa. Em contraponto, o grupo que se aproxima de princípios estilísticos contemporâneos de experimentação, percebe os aspectos subjetivos como inerente à ciência. A partir dos dados apresentados, podemos afirmar que a percepção de ciência é um forte condicionante à perpetuação de concepções e práticas docente simplistas quando se trata da experimentação no ensino.
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