Ambiente alimentar e adesão à alimentação escolar de adolescentes brasileiros: análise multinível
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14179Palavras-chave:
alimentação escolar, estudantes, serviços de saúde escolar, políticas públicas, inquéritos de saúdeResumo
Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar os fatores do ambiente alimentar escolar associados à adesão à alimentação escolar entre adolescentes de escolas públicas brasileiras. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados de 67.881 adolescentes de 11 a 19 anos, estudantes de escolas públicas que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015. A variável dependente foi a frequência de consumo da alimentação escolar, classificada em adesão (≥3x/semana), adesão insatisfatória (1-2x/semana) e não adesão (nenhum dia). Utilizou-se regressão multinível ordinal para estimar o efeito das variáveis individuais e do ambiente escolar na adesão à alimentação escolar. Resultados: Dentre os estudantes avaliados, 31,3% aderiram à alimentação escolar, 37,9% aderiram insatisfatoriamente e 30,8% não aderiram. Após ajuste para variáveis individuais, observou-se maior adesão entre os que frequentavam escolas sem cantina (OR: 1,46; IC 95%: 1,35-1,57), sem ponto alternativo de venda de alimentos (OR: 1,29; IC 95%: 1,20-1,39 ), do Sul (OR: 1,38; IC 95%: 1,22-1,56), Sudeste (OR: 1,30; IC 95%: 1,16-1,46) e Centro-Oeste (OR: 1,95; IC 95%: 1,75-2,18) , não capitais (OR: 1,42; IC 95%: 1,33-1,52) e áreas rurais (OR: 1,41; IC 95%: 1,26-1,57). Conclusão: Os estudantes que frequentam escolas sem cantina e ponto alternativo de venda apresentaram 46% e 29% maiores chances de adesão à alimentação escolar, respectivamente. Esses resultados destacam a necessidade de intervenções que promovam um ambiente escolar alimentar mais saudável e fortaleçam as ações de Educação Alimentar e Nutricional nas escolas públicas brasileiras.
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