Intervenção na saúde mental dos adolescentes nos centros educativos portugueses – um estudo preliminar

Resumo

Em âmbito mundial, o número de crianças e jovens diagnosticados com uma perturbação mental tem aumentado substancialmente. Adolescentes envolvidos em atos considerados delinquentes, particularmente aqueles que se encontram cumprindo medidas institucionais dos sistemas de justiça, contudo, parecem ser especialmente vulneráveis ao desenvolvimento de psicopatologias. Em Portugal são escassos os estudos referentes aos problemas de saúde mental destes jovens e às respostas interventivas de que têm vindo a ser alvo os Centros Educativos. Existem, no entanto, alguns indícios de um aumento acentuado do recurso a psicofármacos. Isto torna-se preocupante quando se consideram os seus efeitos colaterais a curto prazo e o desconhecimento relativamente aos seus efeitos a médio e longo prazos. Assim, o presente estudo teve como objetivo caracterizar os problemas de saúde mental e subsequentes respostas interventivas junto aos adolescentes que cumpriem medida de internamento em Portugal. Para tal, foram entrevistados dez psicólogos que desempenham funções nos 6 Centros Educativos portugueses e 12 especialistas da área. Ademais, foi aplicado um questionário aos diretores de cinco destas instituições, pelo qual se acedeu a dados relativos a 95 jovens. Os dados apontaram para uma taxa elevada de problemas comportamentais/interpessoais e emocionais nestes jovens. Os procedimentos de avaliação da saúde mental, todavia, revelam-se insuficientes, assim como a respectiva intervenção psicológica. Não obstante, 54% dos jovens encontravam-se tomando psicofármacos. Os resultados levantam preocupações relativas à possibilidade de os psicofármacos serem usados, em alguns casos, como forma de colmatar as limitações da intervenção psicológica nos problemas de saúde mental destes adolescentes.