Avaliação do ajuste de dose de antimicrobianos pela função renal em unidades de terapia intensiva
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.14510Palavras-chave:
Anti-infecciosos, Lesão renal aguda, Cálculos da dosagem de medicamentosResumo
Objetivo: Identificar os fatores associados ao ajuste de dose de antimicrobianos pela função renal em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Método: Estudo transversal, descritivo-analítico, com coleta de dados referente ao período de julho a dezembro de 2019 em três UTIs. Foram incluídos pacientes internados nestas unidades, com prescrição de antimicrobianos e excluídos os sujeitos com permanência menor que 24 horas na UTI e idade inferior a 18 anos. A associação entre variáveis dependentes e as independentes foi realizada por meio de análise univariada, utilizando o modelo de regressão logística binária. A magnitude da associação foi calculada usando odds ratio (OR) com intervalos de confiança de 95% (IC) e p <0,05. Resultados: Do total de 290 pacientes, 55,0% eram do sexo masculino e 54,1% idosos (≥ 60 anos). Verificou-se o uso de 738 antimicrobianos. Desses, 276 necessitaram de ajuste de dose e 99,6% foram realizados, destacando-se a piperacilina + tazobactam, e ampicilina + sulbactam como os mais frequentes. A creatinina alterada (OR=9,753 IC=6,876–13,833), interconsulta com o nefrologista (OR=4,431 IC=3,035–6,470) e o acompanhamento farmacêutico (OR=1,415 IC=1,046-1,914) estiveram associados estatisticamente com a realização de ajuste de dose, pela taxa de filtração glomerular (TGF). Os achados revelaram significativa associação entre alteração da TFG e creatinina e a realização de ajuste de dose de antimicrobianos. Conclusão: Verificou-se alta realização de ajuste de dose e associação estatística entre creatinina alterada, consulta com nefrologista e acompanhamento farmacoterapêutico com a realização do ajuste, reforçando a importância de especialistas e dos farmacêuticos clínicos nas UTIs.
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