A festa nas frestas de um país em ruínas: Reivindicação da memória e celebração da vida a partir do carnaval afro-mineiro
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.14694Palavras-chave:
Carnaval de Belo Horizonte, Bloco Afro, Educação Popular Negra, Lei 10.639/2003.Resumo
Este artigo teve como proposta dialogar com os saberes e sentidos criados e movimentados pelo bloco afro Angola Janga durante o Carnaval de Belo Horizonte 2023. A intenção foi refletir a maneira que esses saberes e sentidos afrodiaspóricos, presentes na folia, operavam na reivindicação da memória e convocação da alegria a partir de uma postura crítica e criativa ante ao contexto brasileiro, devastado após o ápice da letalidade provocada pela pandemia de Covid-19 associada à tomada do poder político-partidário da extrema-direita. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, pautado em revisão bibliográfica e observação participante, entre outros. Os achados da pesquisa mostram que os saberes e sentidos criados e movimentados no Carnaval constituem espaços-tempos educativos, estéticos e políticos antirracistas desde as corporeidades negras em movimento festivo.
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