O sistema de ensino e a luta por libertação em Guiné-Bissau, a práxis político educacional do PAIGC e os diálogos de Paulo Freire
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2024.121.15899Palavras-chave:
PAIGC, Guiné-Bissau, Alfabetização, Paulo FreireResumo
As análises deste artigo se debruçam acerca dos processos educacionais da Guiné-Bissau durante a revolução armada, estudando as principais características, dados e estatísticas do ensino colonial imposto pelos lusos e as críticas de Amílcar Cabral ao regime educativo assimilacionista que reforçava a continuidade da dominação e submissão. Identificando o projeto de reestruturação nacional proposto pelo PAIGC, o estudo aborda a chegada de Paulo Freire a Guiné-Bissau, convidado pelo ministério da educação do país, e sua práxis político-educacional diante das complexidades da nova nação. Propomos um diálogo crítico com a máquina do Estado, aqui representada pelos líderes do PAIGC e sua mais significativa decisão: a adoção da língua portuguesa no processo de reafricanização de mentalidades, mediante a educação revolucionária que seria desenvolvida no país, à medida que se tem o dilema de Freire: como exercer uma pedagogia libertadora e a completa emancipação de mentes, alfabetizando com a língua do colonizador?
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