Interlocução de saberes: Os princípios cognitivos da complexidade no pensamento pedagógico de Mario Osorio Marques
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2025.122.17087Palavras-chave:
Mario Osorio Marques, Racionalidades, Pedagogia, Ciência do educadorResumo
Mario Osorio Marques flertou com Edgar Morin? Marques fez alguma incursão na matriz ontológico-epistemológica do pensamento complexo? É objetivo deste ensaio teórico mostrar que Marques, em seu pensamento pedagógico, procurou distinguir os paradigmas do objeto, do sujeito e da intersubjetividade, mas a sua principal preocupação foi compreendê-los de forma integrada em um “quadro teórico mais vasto e coerente”, o que pode ser entendido pelo termo “interlocução de saberes”. Para além deste objetivo, intenciona-se apontar indícios de que Marques transcende o simples enquadramento em um único paradigma e que, sistematicamente, colocava em interlocução as abordagens empírico-analítica, histórico-hermenêutica e crítico-dialética, no quadro teórico mais amplo da razão comunicativa e, por uma forma circular e progressiva de pensamento, estreitava o diálogo com os princípios de inteligibilidade do que chamou de “paradigma da complexidade”. Propõe-se, uma leitura epistemológica de seus escritos de 1988 a 2002. O ensaio teórico estrutura-se em três movimentos. No primeiro, tecem-se considerações sobre os pressupostos ontológicos e gnosiológicos da práxis educativa, de Marques. Em um segundo movimento, busca-se a presença de indícios de um paradigma científico alternativo para a ciência do educador, na obra de Marques. Por fim, tematiza-se a presença dos princípios de inteligibilidade do pensamento complexo na proposta de formação dos profissionais da educação, de Marques. Nossa leitura da obra de Marques conduziu-nos a admitir que foi a problemática da interdisciplinaridade que o atraiu, ora para as bordas, ora para o interior do paradigma da complexidade.
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