Análise do perfil de utilização de polimixina B em um hospital público de alta complexidade de Belo Horizonte/MG
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2023.47.13081Palavras-chave:
agentes anti-infecciosos, resistência a medicamentos, farmacêutico clínico, serviços de controle de infecção, polimixina B.Resumo
Objetivos: Avaliar a qualidade da prescrição de polimixina B em um hospital público brasileiro de ensino e referência em alta complexidade. Métodos: Estudo de utilização de medicamentos que descreve hábitos de prescrição médica com coleta retrospectiva, realizado com pacientes críticos em uso de polimixina B. A dose por peso foi calculada para avaliar a adequação da dose de ataque baseando-se na diretriz da Infectious Diseases Society of America (IDSA). A taxa de filtração glomerular (TFG) foi estimada para avaliar a adequação da dose prescrita no início do tratamento, baseando-se na Kidney Disease – Improving Global Outcomes (KDIGO). Resultados: 346 prescrições de polimixina B foram analisadas, representando 259 pacientes. Apenas 61 (17,6%) contemplaram dose de ataque de polimixina B. Em contrapartida, em 147 (73,1%) não foram identificadas doses ajustadas. Foram analisadas 438 culturas, sendo identificadas bactérias gram-negativas (BGN) resistentes a carbapenêmicos selecionadas para o estudo em 97 (22,2%). Nessas prescrições foi identificada a presença de dose de ataque em apenas 13 (13,4%) e ausência de ajuste de dose de acordo com a função renal em 80 (82,5%). O microrganismo prevalente foi Klebsiella pneumoniae (70 [16,0%]). Conclusão: O estudo identificou altas taxas de não conformidade com protocolo de uso de polimixina B com relação à dose de ataque e um percentual elevado de casos em conformidade com o protocolo quanto a não indicação de ajuste renal. O desenvolvimento de novos protocolos clínicos institucionais e atuação da equipe de ASP (Antimicrobial Stewardship Program) são de extrema importância para racionalizar o uso e evitar resultados clínicos e microbiológicos insatisfatórios.
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