Staphylococcus spp e o gene mecA em gestantes: Um risco à saúde materna e infantil negligenciada
DOI:
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2024.48.13941Palavras-chave:
Antibióticos, Epidemiologia, Metacilina, Gravidez, Genes de resistênciaResumo
Este estudo teve como objetivo determinar o perfil fenotípico, molecular e epidemiológico de Staphylococcus spp resistentes à meticilina em mulheres grávidas. Foram incluídas 100 gestantes assintomáticas, entre 16 e 38 anos, que realizaram exame microbiológico por meio de coleta de swab vaginal no primeiro trimestre de gestação. As amostras foram submetidas a isolamento, e foram realizados testes fenotípicos e moleculares. Dentre as amostras analisadas foram detectados Staphylococcus coagulase negativa em 83%, Staphylococcus coagulase positiva em 6% e Streptococcus spp. em 5%, e não houve crescimento bacteriano em 6%. Os antibióticos que apresentaram maior resistência foram amoxicilina + ácido clavulânico e sulfametoxazol + trimetoprima (92,77%) em Staphylococcus coagulase negativa e penicilina e sulfametoxazol + trimetoprim em Staphylococcus coagulase positiva (100%), posto que, neste último, o S. aureus foi a espécies identificadas em 66,67% das amostras. Quanto à identificação do gene mecA em amostras resistentes à oxacilina, esse gene foi detectado em 40,5% das amostras de Staphylococcus coagulase negativa, e não foi detectado nas amostras de Staphylococcus coagulase positiva. O estudo epidemiológico mostrou que o tratamento prévio com antibióticos foi significativamente (p≤0,016) associado à resistência à oxacilina em amostras de swab vaginal. A presença do gene mecA em isolados de Staphylococcus coagulase-negativos demonstrou um perfil bacteriano neste tipo de amostra biológica diferente do que já é apresentado na literatura científica. Novos estudos são necessários para entender a epidemiologia das espécies bacterianas envolvidas e, posteriormente, praticar ações de educação em saúde tanto na população-alvo quanto nos profissionais de saúde.
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