Entre a psicologia histórico-cultural e a sociologia: Fracasso escolar, sentidos da escola e relações com o saber
DOI:
https://doi.org/10.21527/2179-1309.2025.122.15989Palavras-chave:
Sucesso-Fracasso Escolar, Significados da Escolarização, Signo e Mediação, Classes subalternizadasResumo
O presente trabalho tem como dimensão a dinâmica escolar e seus respectivos processos educativos, a partir do entendimento da escola enquanto constituída por processos sócio-históricos específicos que atrelaram e caracterizaram essa instituição em sua forma e cultura contemporânea conhecida. Nesse escopo, o recorte do tema é a produção sócio-histórica do fracasso escolar em articulação com outros dois subtemas: do sentido da escola e das relações com o saber estabelecidas pelos(as) estudantes originários de classe subalternizada A crescente onda de questionamento da legitimidade e centralidade da escola nos processos educativos desde finais da década de 1980, alcançando seu ápice nas correntes contemporâneas do homeschooling, são razões suficientes para justificar a empreitada da pesquisa aqui apresentada. É justamente nessa esteira da noção tradicional de fracasso escolar e da tentativa de retirada da centralidade da escola nos processos educativos que se coloca como questionamento o seguinte: em um contexto social centrado na individualização de orientação econômica materialista, de quais formas a escolarização básica é apreendida e compreendida pelos segmentos de classes subalternizadas como possíveis indícios para se compreender o fracasso escolar? Mais especificamente, objetiva-se discutir como se estabelecem as relações de jovens de segmentos de classe subalternizada com os saberes escolares a partir da análise de diferentes aspectos do fracasso escolar envolvidos na construção de sentidos da escola. Trata-se de uma pesquisa de investigação bibliográfica, mas resultante de pesquisa teórico-empírica de mestrado. A abordagem de análise se orienta pela teoria sociológica do materialismo histórico-dialético de Karl Marx e Friederich Engels, em complementariedade com a teoria da psicologia histórico-cultural de Lev Vigotski e colaboradores.
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